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De Volta Às Velhas Artes

A ideia da Papel da Fé surgiu de uma necessidade de unir a vontade de empreender com a vontade de testemunhar a presença de Deus em minha vida. Eu sempre gostei muito de ler e escrever ficção, romances e crônicas, mas agora meu coração clamava por testemunhar minhas descobertas e minha transformação. No entanto, uma coisa estava muito clara, mais que falar, era preciso servir, construir algo prático. Senti que precisava voltar às velhas artes, desacelerar o ímpeto tecnológico, e produzir algo de útil e concreto para oferecer como produto. Eu senti que precisava desenvolver um ofício. Afinal, não tenho nada além do meu testemunho para oferecer. Não ouso querer ensinar nada, apenas desejo que pessoas possam se encantar e usufruir do que eu puder produzir. Por isso, escolhi começar do zero, algo que nunca tinha feito antes, uma arte milenar, totalmente manual, mas que tem sido terapêutica e demonstra muita perspectiva de crescimento.

Mais do que empreender, a Papel da Fé surgiu para que os dons que Deus me deu pudessem ser úteis e frutíferos. Durante o tempo em que estive estudando o que fazer, além é claro, da Bíblia e do direcionamento que tive através de muita oração, muitos testemunhos e exemplos que fui colhendo no caminho me ajudaram a encontrar a resposta que tanto buscava: o quê fazer? Cito aqui apenas dois exemplos, mas uma simples busca mostrará muito mais.

Um alto executivo norte americano descobriu a paz de espírito tricotando, e fez disso um desafio, fazendo malhas enormes que cobriam árvores. E não parou no tricô, através do trabalho manual ele também foi descobrindo como o nosso cérebro é capaz de alcançar os mais difíceis propósitos se tivermos a humildade de começar e a paciência para perseverar.

Uma mãe com sete filhos e apenas cinco dólares montou uma empresa de sucesso fazendo bolinhos em casa. Diante de um eminente colapso, ela foi capaz de pegar a única oportunidade que a vida a estava apresentando, e embora parecesse pouco, com muita dedicação e garra ela foi multiplicando os cinco dólares até construir a empresa que sustentou ela e aos sete filhos. Hoje tem um programa de entrevista que estimula pessoas a fazerem o mesmo que ela.

Durante a pandemia, muitos profissionais, forçados a parar suas atividades habituais, descobriram nos trabalhos manuais a terapia que salvou muitos da depressão e de outras doenças. Não é novidade a aceleração que leva pessoas ao esgotamento físico e psicológico, buscando serem cada vez mais produtivas. Em algumas empresas, chega a ser vexatório sair no seu horário de término, pois demonstra que o funcionário não está ‘vestindo a camisa da empresa’, ficando além do seu horário para trabalhar mais, muitas vezes até sem remuneração pelas horas extras, por um reconhecimento opressivo e narcisístico. Somos mais e mais compelidos a mostrarmos eficiência, rapidez, voracidade, sangue nos olhos, faca na boca, bater meta, quebrar recordes, num ciclo vicioso e mecânico, nos transformando cada vez mais parecidos com máquinas.

Esse estilo de vida é angustiante, além de intangível, e acaba com nossa saúde física e mental. Toda a tecnologia que vimos crescer vertiginosamente nos últimos trinta anos contribuiu significativamente para esse aceleramento das nossas atividades. Fazemos cada vez mais, no mesmo período de tempo, e queremos fazer mais. Somos cobrados a fazer mais. Morremos atropelados se não fizermos mais.

E aí chega a Inteligência Artificial para hiper dimensionar ainda mais a corrida ao pote de ouro. No princípio, assustando aos profissionais que acharam que ficariam obsoletos vendo que as IAs são capazes de fazer seu trabalho em um décimo de tempo.  Passado o susto inicial, percebemos que poderíamos usar a IA para fazermos ainda mais. Ainda mais!

Onde vamos parar? Quando vamos parar? Como estaremos quando pararmos?

A tecnologia, no entanto, pode e deve, ser usada para desacelerarmos. Quantas pessoas não fizeram a migração do emprego formal de carteira assinada para um empreendimento digital que prometia liberdade geográfica e mais tempo para viver? Muitos deram certos, muitos ainda estão tentando, mas podemos afirmar que a tecnologia trouxe diversos benefícios e oportunidades. As redes sociais, embora tragam também ansiedade por causa do vício que elas causam e dos comparativos impossíveis entre os perfis e a vida real, também lançaram comediantes, escritores, atores, cozinheiros, escultores, pintores, artistas das mais variadas áreas, e pessoas que simplesmente relatam suas rotinas comuns em vitrines rentáveis dos mais variados produtos, mostrando que o comum, o simples, o caseiro também são possíveis, também são rentáveis, também são bons. Esse aspecto da tecnologia quebrou os monopólios da mídia e indústria tradicionais. Mas mais uma vez nos levou à roda que, se desacelerarmos, caímos, como os camundongos.

Por isso, faz-se cada vez mais necessário voltarmos às velhas artes: o artesanato, o produto feito à mão, o pão caseiro, a mesa posta com capricho, o iogurte feito em casa, o livro de papel, cartas e diários escritos à mão. Coisas que desenvolveram a humanidade e moldaram nossos cérebros. Coisas que trazem benefícios à saúde, aos relacionamentos, e à alma. A atenção ao momento, por benefício do momento, não para um ganho futuro. O registro privado do que é mais precioso em nossas vidas, não para vitrine ou ostentação. Faz-se imprescindível fechar a janela da rede social e voltarmos para nosso íntimo, para o lugar secreto onde podemos ser o mais sincero conosco. Para meditarmos sobre nossa vida. Para termos um momento de conversa com Deus, para desabafar, para agradecer, para reabastecer. E para ressignificar nossos propósitos e nossas prioridades. Para relembrarmos que somos seres humanos, falhos e limitados, mas ainda a melhor máquina já criada no mundo. É preciso reconhecer e dar valor ao que somos, usando nossas habilidades para semear, frutificar e abençoar o mundo ao nosso redor.  É preciso voltar à arte de ser por ser, não pelo o que podemos fazer, mas por nossos valores, por nossa generosidade e por nosso altruísmo.

“Os planos do diligente tendem à abundância, mas a pressa excessiva, à pobreza.” Provérbios 21:5

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